quinta-feira, 17 de julho de 2008

Feira das Artes e Ofícios Tradicionais

Teve lugar nos dias 27, 28 e 29 de Junho ( 2008 ) mais uma ( 8 ª) feira das artes e ofícios tradicionais em Soajo.


Para informação das actividades e dos participantes que integravam a edição deste ano , e para memória futura, vou aqui colocar e publicitar o folheto, faces A e B, que chegou até mim.
música: Vira de Soajo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

P`ra melhor está bem está bem, ... p`ra pior já basta assim

Portugal vem atravessando uma crise gravíssima.
Os tempos estão difíceis a vários níveis, desde o económico ao financeiro, desde o laboral ao social, desde o educativo ao cultural. Duvido ser possível a identificação de algum aspecto que nos possa fazer vicejar o ego. Até o desporto, quase sempre considerado e confirmado como a alegria (ou o ópio) do povo, parece ter-nos virado as costas, já que a selecção nacional teve um desempenho medíocre no Euro 2008 da Áustria / Suíça.
De acordo com os dados revelados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a média dos vencimentos recebidos pelos portugueses, por ano, é menos de metade da dos residentes nos restantes países da zona euro – 11.616 euros.
Um valor muito aquém dos 25.290 euros auferidos nos países da OCDE e dos 24.666 euros dos países da União Europeia.
Segundo o estudo "Um Olhar Sobre a Pobreza - Vulnerabilidade e Exclusão Social no Portugal Contemporâneo" entregue ontem – 14/07/2008 - pelo presidente do Conselho Económico e Social ao Presidente da República, trinta e cinco por cento dos portugueses que vivem numa situação de pobreza têm um emprego. Trabalham.
Segundo o mesmo estudo só em 2006 os salários dos portugueses caíram 2,6 por cento.Ao que parece, apenas os gestores das grandes empresas privadas, participadas, e públicas, auferindo vencimentos que chegam a quintuplicar e decuplar o do PR, portanto dignos de um futebolista de clube de topo, escapam ao infortúnio a que está destinado o povo português. A pilhagem é inversamente proporcional à solidariedade. Vampiros!
Acresce ainda que, segundo o boletim económico de Verão do Banco de Portugal ( BdP ) hoje - 15/07/2008 – divulgado a previsão do crescimento económico deste ano baixou para 1,2 por cento, uma diminuição de oito décimas em relação à previsão anunciada em Janeiro e que era de dois por cento.O boletim económico de Verão sustenta esta revisão em baixa na deterioração de quase todas as componentes macroeconómicas, em particular na forte quebra do investimento, que passa a crescer apenas um por cento, contra os 3,3 por cento apontados em Janeiro passado, da procura interna, que recua para um por cento (era 1,4 por cento no início do ano) e nas exportações (abranda para 4,4 por cento, menos cinco décimas do que em Janeiro).

O abrandamento das exportações é acompanhado pela expansão das importações, que passam a crescer 3,3 por cento, mais quatro décimas do que na previsão de Inverno. Quanto aos preços, o Banco de Portugal acompanha a tendência actual e revê em alta a inflação (indicador harmonizado com a Zona Euro, IHPC) para três por cento, contra os 2,4 por cento de Janeiro.
Na bolsa a queda de hoje do índice PSI20 aproximou-se de quatro por cento, liderando o sentimento pessimista na Europa e demonstrando uma forte tendência vendedora dos investidores que apostaram na praça portuguesa.
Quanto ao desemprego as últimas informações disponíveis da agencia financeira datadas de 01/07/2008 dizem que a taxa de desemprego estabilizou em Maio na Zona Euro; mas voltou a aumentar em Portugal ao registar uma subida de uma décima, face a Abril, para os 7,5%, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat. Não está contabilizado o desemprego transformado em migração pendular, diária e semanal, para Espanha.
Quanto ao endividamento das famílias ascende a 129% do rendimento disponível.
Isto quer dizer que as dívidas das famílias portuguesas superam em 29% os rendimentos, revelam dados do Banco de Portugal, divulgados no Relatório de Estabilidade Financeira.
Os tempos estão mesmo difíceis. A crise está instalada.
Há quem queira explicá-la dizendo que é uma a crise importada, que deriva das subidas de preço do petróleo, que resulta de créditos mal parados, do subprime, da valorização do euro, etc, etc, etc.
Num tempo de globalização que já é intolerável ignorar, e cujos efeitos dificilmente serão menosprezáveis, resultará não excessivamente controverso aceitar que estes tempos difíceis chegariam até nós, também por via externa. Afinal de contas somos uma economia, de mercado, aberta. Justificará tudo ?
Não justifica ! As politicas económica, social e sobretudo a fiscal têm sido desastrosas. Todo o recurso e nervo é canalizado, à velocidade de falcão, para a satisfação do défice. O divertido regabofe de muitos anos foi substituído por uma somítica avareza. A classe média foi precocemente reduzida à expressão mais simples. O consumo interno diminuiu.
O investimento e a produção retraíram-se. As empresas fecham, abrem falência e o desemprego alastra, mesmo ganhando nós menos de metade dos europeus da zona euro.
É nosso fado! Sempre fomos lestos em explicações e tardos em soluções.
Como encaixa aqui a abissal corrupção, ( no privado e no público ), que se diz grassar por aí fora de Norte a Sul do litoral ao interior ?
música: Chula por Shila.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Saber mais sobre o PNPSG

Caracterização do Parque Nacional da Peneda Soajo Gerês (PNPSG)
O Parque Nacional da Peneda-Gerês, é um dos últimos redutos do país onde se encontram ecossistemas próximos do seu estado natural, com reduzida ou nula influência humana, integrados numa paisagem humanizada, tal como salienta o Instituto da Conservação da Natureza. Estende-se do planalto de Castro Laboreiro ao da Mourela, compreendendo as Serras da Peneda, do Soajo, da Amarela e do Gerês, numa área que abrange três distritos: Vila Real, Braga e Viana do Castelo. O Parque Nacional da Peneda-Gerês, com 69 693 hectares, ocupa uma extensa área montanhosa de natureza essencialmente granítica com cabeços rochosos e vales apertados, circos glaciares e moreias.
A cobertura vegetal deste Parque Nacional integra espécies de grande valor florístico, tanto pelo seu estatuto de conservação, como pelo seu estatuto biogeográfico, mais especificamente espécies endémicas, lusitanas e ibéricas, e espécies raras ou ameaçadas da flora de Portugal, como, por exemplo, o feto-do-gerês, o narciso-trombeta, o lírio-do-gerês e a arméria.

Localizado na zona de fronteira das regiões biogeográficas eurosiberiana e mediterrânica, o Parque alberga espécies da flora mediterrânica como, por exemplo, o sobreiro, o medronheiro, o loureiro e a gilbardeira, e espécies eurosiberianas como o carvalho-alvarinho, o teixo, o padreiro, o azevinho e a aveleira. Explica-se, assim, a coexistência neste Parque de sobreirais (associados a um clima mais mediterrânico) e carvalhais (formações caracteristicamente atlânticas).

Parque de campismo da Travanca (Mezio )

A fauna do Parque Nacional da Peneda-Gerês inclui oito espécies de Quirópteros (três das quais consideradas em perigo de extinção – o morcego-de-ferradura-grande, o morcego-de-ferradura-pequeno e o morcego-de-ferradura-mediterrânico) e muitas outras como o musaranho-dos-dentes-vermelhos, a marta, o gato-bravo, a salamandra-lusitânica (espécie endémica do noroeste da Península Ibérica), o lobo e o corço. Salienta-se a presença de aves consideradas vulneráveis, raras ou em perigo, algumas delas confinadas ao extremo norte do país como é o caso do picanço-de-dorso-ruivo, da petinha-das-árvores, da petinha-ribeirinha, do cartaxo-nortenho, da felosa-das-figueiras e da escrevedeira-amarela. Destaca-se também a presença do tordo da espécie Turdus philomelos, sobre o qual, até há pouco tempo atrás, não havia nidificação confirmada em Portugal.

Os cursos de água de montanha do Parque são muitas vezes referenciados como rios truteiros, pelas suas características propícias à truta-de-rio. Representam ecossistemas de grande importância e biótipos preferenciais de espécies representativas da fauna do Parque, nomeadamente: a toupeira-de-água, a lontra, o lagarto-de-água e a rã-ibérica (endémica da região noroeste da Península Ibérica).
Fonte:
Instituto da Conservação da Natureza
Áreas protegidas a Norte do Tejo 2003-05-27
música: serra brava r.f. da casa dos arcos

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A gaffe do Engenheiro* Sócrates

Quem somos nós para "contrariar o Sr. Engenheiro". Se ele o diz....

domingo, 1 de junho de 2008

Soajo terra bonita

Hoje estou a ter um dia quase tranquilo, bem menos fatigante que o normal. Pus as preocupações de lado, ou para trás das costas, pois nem só de pão vive o homem. A crise é global e há mais vida para além do défice……… (reticências).
Não me apetece sequer pensar no preço dos combustíveis, nas declarações do Sr. Cruz no processo Casa Pia, na visita dos reis da Noruega ao nosso país, ou nas peripécias que envolvem a preparação da nossa selecção de futebol para Euro-2008. Relativamente a este último tema, só uma curta nota de interrogação sobre, não a qualidade da nossa comunicação social, mas sobre como ela pavoneia e alastra um tal grau de mediocridade, de pobreza, de absurdo, de bacoquice. Merecemos melhor! A imprensa não pode ignorar, que para além da distracção tem outras funções, como a informação e a formação. E se as não quiser ou não souber cumprir, deve comportar-se no mínimo com seriedade, verdade, ponderação, sobriedade, simplicidade e moderação. Caso contrário ainda mais inflacionará a mediocridade cívica que fartamente já vem promovendo. O desproporcionado é burlesco!
Adiante, pois por agora não é sobre os valores da imprensa que me apetece conversar.
Hoje já li, já ouvi música, variada como deve ser e não apenas a avalancha de anglo-saxónica com que as nossas rádios nos massacram. Claro que também ouvi a música tradicional portuguesa, especialmente a da minha terra gravada nos anos 70 (?).
Regressei ao passado. A um igual mês de Maio de um qualquer distante ano em que frequentava a Escola Primária da Eira do Penedo. Não precisei de fechar os olhos para povoar a minha mente com os meus queridos amigo(a)s de então e de sempre; para fantasiar as nossas corridas, os nossos jogos de futebol ( Vila X Bairros e SLB X FCP ), os nossos primeiros amores e conquistas, e também as nossas lutas e guerras. Lá estavam o João, o Domingos, o António, o Manuel, o Joaquim, a Maria, a Maria, a Maria, tantas marias………..
Regressei ao passado, mas não quero ser piegas e muito menos passadista.
O que eu quero é muito simplesmente prestar homenagem à dimensão humana dos meus amigo(a)s e conterrâneo(a)s, (alguns tão distantes no espaço e no tempo) .
Quero “oferecer-lhes” este nosso património colectivo, esta nossa música – Vira de Soajo, Soajo terra bonita - que vou divulgar no You Tube para recordarmos, para desfrutarmos e para partilharmos com quem de boa vontade aceite a nossa partilha.
Já que a diáspora nos separa que este legado nos aproxime.

sábado, 24 de maio de 2008

Melancolias II

1. Pois é. Eu sei que já passou um extenso período desde a última vez que aqui estive! Como canta, e bem, Paulo de Carvalho, “dez anos é muito tempo*. Eu sei, e direi igualmente, que sete meses de ausência, sem conversar, é tempo demais. Mas também sei que apenas prometi presenças quando pudesse. E sempre soube, sei-o agora melhor ainda, que a vida nos enche de surpresas, nos debilita com sobressaltos, nos prega demasiadas partidas! Ai como prega !Resumindo e concluindo, como dizia um competente e saudoso mestre há alguns anos atrás, não foi possível, ou não fui capaz, de cá estar mais cedo.
2. O regresso é tonificante; está a dar muito gosto, e muito gozo. Estou todavia sem grande entusiasmo, quer porque não vou comunicar sobre o que mais me agradaria, Soajo, quer porque as notícias que se vão ouvindo, e lendo, são pouco animadoras, para Portugal e para os Portugueses.
Dos jornais, por estes dias:
- Banco de Portugal confirma que economia está a abrandar.
- Portugal foi hoje apontado, em Bruxelas, como o Estado-membro com maior desigualdade na distribuição de rendimentos. O nosso País é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, sendo que, em Portugal, quase um milhão de pessoas vivem com menos de 10 euros por dia.
- Filhos vivem pior que os pais. Em 2007 o salário médio dos trabalhadores entre os 25 e os 34 anos foi de 634 euros, enquanto que no total da economia foi de 726 euros. O salário médio entre os trabalhadores com contratos a termo ficou-se pelos 594 euros. Como se vê, a geração para quem os pais esperavam um futuro melhor, num Portugal integrado na U. E., está com dificuldades em melhorar o seu nível de vida.
- O BdP promoveu, por mérito, um alto quadro, ausente da instituição há 8 anos. A promoção tem reflexos a dois níveis (passagem do nível 18A para o nível 18B, o que equivale a um aumento de mais 368 euros por mês) e a progressão na carreira (passagem do grau oito para o grau nove, o que dá direito a mais 452 euros). No total são mais 720 euros mensais. O valor desta promoção, 720 euros, é sensivelmente igual ao salário global médio dos trabalhadores portugueses, 726 euros. Efectivamente o entusiasmo não pode ser grande, mais, é menos que nenhum! É agora que me vem à memória a conhecida quadra do poeta António Aleixo:

A ninguém faltava o pão,
se este dever se cumprisse;
ganharmos em relação,
com o que se produzisse.
*
* Lamento ter de substituir, devido a indisponibilidade, os “dez anos é muito tempo” por ”e depois do adeus ”. Toda a discografia do Paulo se ouve sempre bem.