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Hoje, dia 19 de Março de 2009, comemora-se o dia do pai.
Foi a minha filha que mo lembrou, quando ontem à noite nos desejávamos as boas noites, com a firme recomendação de não me esquecer do meu pai e seu avó paterno. Estou em crer que ela estava, também, a não querer “comunicar-me” algo mais, algo perceptível na sigilosa cumplicidade do irmão, que vislumbrei pelo canto do olho.
Ela sabe que eu sou “distraído” no que refere a estas realidades convencionais. Costumo ser eu a definir-lhes a solenidade e a importância que merecem, especialmente se com isso não desarmonizo as minhas relações. Todavia, aqui também se aplica o velho adágio popular que diz: “em Roma sê romano”. Vai daí, cá estou.
Estou, inclusivamente, com um sentimento de inevitável e dupla obrigação.
Aquela obrigação típica e simbólica de agradecimento e elogio, que enfatiza as reais e virtuais qualidades dos nossos progenitores. Aquela que os diz sempre vigilantes, fortes, empenhados, justos e amigos. A que os considera, em síntese, os melhores e os mais sacrificados do mundo, prescindindo de qualquer recompensa. Obrigação simpática!
E uma outra obrigação, esta bem subjectiva, pessoal. E porque assim é, tem que ver e haver connosco, e só connosco. Em razão desta privacidade, apenas direi que fui, e sou, um filho feliz, que estou feliz. Estou feliz porque o meu pai, está idoso, está cansado e está doente, mas está na minha companhia. E nem sempre assim foi. Tempo houve em que me senti órfão. A minha terra, o meu Soajo, é terra de emigrantes, e o meu pai também experimentou o duro trabalho noutras pátrias. Como canta Vitorino, e que bem canta, “somos um povo de ciganos, anda sempre alguém por fora”. Com ele presente posso fruir o privilégio das suas opiniões, dos seus conselhos, que nem sempre elejo mas sempre ouço, e sobretudo da sua experiência. Posso sentir-lhe a presença, ouvir-lhe a voz, encostar-lhe o ombro, e sobretudo podemos caminhar lado a lado. Infelizmente, cada vez menos e mais espaçadamente, em função da sua idade avançada e doença. Congratulo-me por este privilégio, que certamente será mais afectivo que longo, e por isso faz todo o sentido este meu reconhecimento, neste dia. Obrigação genuína.
Ofereço-te pai, este vídeo no Youtube, tempos de criança, que ouso desejar partilhemos, especialmente com quem queira aceitar os nossos ideais, e valores, e práticas conducentes à melhor das convivências entre pais e filhos de todo os tempos e lugares.
Tempos de criança, porque “o melhor do mundo são as crianças”.
Imagens de Soajo com música de Rui Veloso.
música: é triste ser-se crescido.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Dia do Pai
Publicada por leunam-atab à(s) quinta-feira, março 19, 2009
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