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Não resisti.
Tinha de partilhar este artigo de opinião.
Sei que nem sempre temos acesso aos jornais, a este ou àquele jornal, e por isso nos escapam ideias e pensamentos que merecem ser lidos e meditados. Penso ser o caso deste artigo de opinião que o jornalista Mário Crespo fez publicar hoje no JN.
Com a devida vénia transcrevo o link e o artigo.
Faço-o por motivos óbvios:
1 – o jornalista é um decano do jornalismo nacional e internacional, reputado e respeitado;
2 – todos os dias, em todo o sítio e a toda a hora, se ouve dizer que a corrupção está a afundar o País;
3 – diz-se à boca cheia que a justiça não funciona, não é atempada e não é cega;
4 - o Povo Português tem vindo a assistir, incrédulo, ao arquivamento de variadíssimos processos judiciais chamados de colarinho branco;
5 – o Povo Português tem sido confrontado com situações de não pronúncia, apesar de os suspeitos terem inclusivamente sido submetidos a prisão preventiva de vários meses;
6 - o Povo Português acredita cada vez menos na justiça do Estado;
7 - até onde estará o Povo disposto a suportar a demissão do Estado?
JN - 30 Março 2009
Opinião - Mário Crespo
"Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport?
Porque é que Charles Smith e Manuel Pedro foram constituídos arguidos e José Sócrates não foi? Como é que, estando o epicentro de todo o caso situado num despacho de aprovação exarado no Ministério de Sócrates, ainda ninguém desse Ministério foi constituído arguido? Como é que, havendo suspeitas de irregularidades num Ministério tutelado por José Sócrates, ele não está sequer a ser objecto de investigação? Com que fundamento é que o procurador-geral da República passa atestados públicos de inocência ao primeiro-ministro? Como é que pode garantir essa inocência se o primeiro-ministro não foi nem está a ser investigado? Como é possível não ser necessário investigar José Sócrates se as dúvidas se centram em áreas da sua responsabilidade directa? Como é possível não o investigar face a todos os indícios já conhecidos? Que pressões estão a ser feitas sobre os magistrados do Ministério Público que trabalham no caso Freeport? A quem é que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público se está a referir? Se, como dizem, o estatuto de arguido protege quem o recebe, porque é José Sócrates não é objecto dessa protecção institucional? Será que face ao conjunto de elementos insofismáveis e já públicos qualquer outro cidadão não teria já sido constituído arguido? Haverá duas justiças? Será que qualquer outro cidadão não estaria já a ser investigado? Como é que as embaixadas em Lisboa estarão a informar os seus governos sobre o caso Freeport? O que é que dirão do primeiro-ministro de Portugal? O que é que dirão da justiça em Portugal? O que é que estarão a dizer de Portugal? Que efeito estará tudo isto a ter na respeitabilidade do país? Que efeitos terá um Primeiro-ministro na situação de José Sócrates no rating de confiança financeira da República Portuguesa? Quantos pontos a mais de juros é que nos estão a cobrar devido à desconfiança que isto inspira lá fora? E cá dentro também? Que efeitos terá um caso como o Freeport na auto-estima dos portugueses? Quanto é que nos vai custar o caso Freeport? Será que havia ambiente para serem trocados favores por dinheiros no Ministério que José Sócrates tutelou? Se não havia, porque é que José Sócrates, como a lei o prevê, não se constitui assistente no processo Freeport para, com o seu conhecimento único dos factos, ajudar o Ministério Público a levar a investigação a bom termo? Como é que a TVI conseguiu a gravação da conversa sobre o Freeport? Quem é que no Reino Unido está tão ultrajado e zangado com Sócrates para a divulgar? E em Portugal, porque é que a Procuradoria-Geral da República ignorou a gravação quando lhe foi apresentada? E o que é que vai fazer agora que o registo é público? Porque é que o presidente da República não se pronuncia sobre isto? Nem convoca o Conselho de Estado? Como é que, a meio de um processo de investigação jornalística, a ERC se atreve a admoestar a informação da TVI anunciando que a tem sob olho? Será que José Sócrates entendeu que a imensa vaia que levou no CCB na sexta à noite não foi só por ter feito atrasar meia hora o início da ópera?"
segunda-feira, 30 de março de 2009
Opinião publicada
Publicada por leunam-atab à(s) segunda-feira, março 30, 2009