terça-feira, 26 de outubro de 2010

década perdida

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A notícia vem na agência financeira, que cita o el país.
Portugal foi o terceiro país que menos cresceu na última década.
Foi uma década perdida para Portugal. O nosso país foi o terceiro que menos cresceu nos últimos dez anos, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), citados pelo espanhol «El País».
Na lista dos 180 países analisados, o desempenho da economia portuguesa ocupa o terceiro lugar mas a contar do fim. Pior só a Itália e o Haiti. Há dez anos a economia portuguesa estava no 35º lugar, actualmente está no 38º posto.
A culpa terá sido do descontrolo da despesa pública e da falta de uma política fiscal sólida.
Em razão desta sábia governação o país está no estado em que está, e .....
A intervenção do FMI em Portugal tem sido muito discutida nos últimos tempos, com economistas a argumentarem que esta deve acontecer mesmo se o Orçamento de Estado para 2011 for viabilizado no Parlamento. Vão neste sentido as opiniões de Daniel Bessa que prevê mesmo que essa intervenção ainda poderá acontecer, e de João César das Neves ao afirmar que Portugal devia ter pedido ajuda ao FMI já há um ano.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

contabilizar a indignidade

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opinião
Manuel António Pina, Jornal de Notícias, hoje
Contabilizar a indignidade

«A atribuição ao resistente cubano Guillermo Fariñas do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, com que o Parlamento Europeu (PE) homenageia pessoas ou instituições que se evidenciam na defesa dos direitos humanos e da liberdade, desapontou os eurodeputados portugueses apoiantes de outras candidaturas.
Perder uma votação é (deve ser, mas que sei eu?) frustrante. Mas daí a contabilizar o sofrimento e a humilhação individual para concluir que "o meu violador de direitos humanos é pior que o teu" vai um precipício moral que, como diz Steiner, constitui "uma obscenidade adicional ao acto de despersonalizar a desumanidade".
Foi o que fizeram Ana Gomes, do PS, e Miguel Portas, do BE, proponentes da etíope Birtukan Mideksa, que entendem que, em Cuba, as violações dos direitos humanos, enfim, como dizer?, "não têm a gravidade que noutros regimes têm" e que, na Etiópia, essas violações (tortura, indignidades, prisões arbitrárias) é que são "gritantes". E o que igualmente fez Ilda Figueiredo, do PCP, que patrocinava a ONG "Breaking the silence", que tem denunciado as atrocidades de Israel na Palestina, e acusou o PE de não querer "enfrentar Israel" e se virar para Cuba, que é "mais fácil". Há algo de facto obsceno no espectáculo desta gente sentada nas suas poltronas a fazer contas, de máquina de calcular na mão, ao sofrimento alheio e a decidir quem sofre mais e quem sofre menos.
»

É gente de muito conhecimento e "sabedura", falando do seu dia a dia, do que "sabe e sente", fustigada pelo "chicote do opressor sanguinário" de Estrasburgo e Bruxelas, no chão sentada à beira da estrada, de pés descalços e meias rotas, chorando a barriga vazia de filhos que não consegue alimentar....
Por isso (assim) opina tal como (não) grita.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

da janela do meu quarto

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Foi no inverno passado!
Aos dias amenos e curtos sucediam-se as noites frias e longas. A monotonia era muita, talvez demasiada, se bem que, por razões de cronologia, eu já esteja na fase da vida mais voltada para a contemplação e apreciação das rotinas vagarosas e serenas.
O tempo estava todavia a mudar. Paulatinamente.
Os chuvosos e escuros dias tinham começado a "abrir", e o sol, algo incerto, já transferia o imaginário para outros dias, os do calor, da luz, e das "dianteiras" flores primaveris.
A vida renascia na serra, mas ainda havia neve lá no "alto."
Pela aldeia, as movimentações pouco se faziam notar, tudo decorria pacata e vagarosamente.
De olhar distraído, à janela do meu quarto, dei por mim alcançando o horizonte.
A monotonia do silêncio só fortuita e furtivamente se quebrava. Ah, havia o canto dos pássaros, que saltando de ramo em ramo bailavam com as folhas da laranjeira. E o gato malhado, que lá ao fundo do quintal, secreto e sorrateiro por entre as ervas daninhas, acometia sobre os pardais mais distraídos. Até na caça aos ratos dos celeiros e anexos é um perito, raramente falha a refeição. É ágil e rápido, forte mas meigo. Nos seus tons branco e preto é um bonito felino. Sempre preferi os cães aos gatos mas, gosto deste bichano. Não gosto é dos pardais, porque não cantam, e porque fazem os ninhos nos telhados e beirais entupindo as canalizações da casa.
Já não lembro o epílogo do seu, dele gato, desempenho nesse dia. Alguém que conduzia o rebanho para o repasto diária em terrenos mais além, passou incendiando a monotonia. Era uma voz determinada, feminina e jovem, afoitando os animais para um passo mais rápido. O tilintar continuado dos chocalhos, qual melodia pastoril, também denunciava a pressa que teria(m) em "fazer o caminho". Não lhe distingui a figura por estarmos em planos desnivelados e ter a linha de visão estorvada. Assim acontece nas povoações se, e quando, em "socalcos". Também não consegui reconhecer-lhe a voz. Desta sorte, não pude saber de quem se tratava.
O relógio na torre da igreja batia, com três dissemelhantes notas e com aquele típico som côncavo dos dias húmidos e cinzentos, a meia daquela hora qualquer. Os sons do grupo iam ficando cada vez mais fracos, até que desapareceram. Eu regressei ao cantar da passarada, e ao suave e monótono balancear que ao vento cumpriam os ramos guarnecidos da laranjeira. O gato malhado já por ali não andava.
À janela do meu quarto, assim fiquei durante a "eternidade" que foi aquele tempo seguinte.
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Embora conhecida, a visão dali abraçada proporciona sempre uma satisfação renovada, e eu estava por inteiro mergulhado na paisagem, ora acinzentada do velho casario, ora verde dos campos. E estava, sereno, silencioso, sossegado,...
Um mimo para a vista, a que se juntava agora, cada vez com mais nitidez e vigor, um apaixonado e nostálgico "cantar de trabalho", vindo de lá de longe. Da cantiga, porque longínqua demais não deslindei a lírica, com frequência delatora de um amor ausente, mas deliciei-me com a melodia. Quase ouso abonar, porque estas "coisas" se adivinham, ser cantada pela jovem que antes passara com o rebanho.
Cantaria para lembrar..., cantaria para esquecer..., cantaria para se divertir..., cantaria para agradar...
O dia seguiu abrindo, e o meu ânimo abriu também graciosamente agradado.
Era o fim do Inverno, .... o início da Primavera.
Não sabia, nem carecia, como e a quem retribuir aquele musicado naco de tarde.
A cantiga era bonita. Quem a cantava, não sei!
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

nós e o mundo

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1.- UE

Seis portugueses ganharam bolsas europeias para investigação.
Seis portugueses vão ganhar até dois milhões de euros numa bolsa dada pelo Conselho Europeu de Investigação, que premeia os melhores projectos a serem realizados na Europa.
De um total de 2873 candidaturas, às quais corresponderá um valor de 580 milhões de euros, foram seleccionados 427 projectos, 6 dos quais de cidadãos nacionais. As áreas de investigação dividiam-se em Ciências da Vida, Ciências Físicas e Engenharia, e Ciências Sociais e Humanidades.
Os países que receberam mais bolsas foram o Reino Unido, a França e a Dinamarca, respectivamente com 79, 71 e 67.
As 6 obtidas por portugueses, a que corresponde 1,4% do total, são manifestamente poucas, mostrando o relativo impacto que a investigação tem na sociedade portuguesa.
A burocracia necessária para os investigadores se candidatarem poderá ter, também, a sua (alguma) importância.

2.- FMI

Foto público

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

licença de isqueiro

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A proposta de Orçamento do Estado para 2011 estabelece que a antiga taxa de televisão - paga nas facturas da luz - passa de 1,74 para 2,25 euros todos os meses. Esta subida possibilitará a revisão em baixa da indemnização compensatória prevista pelo governo para a televisão pública. Isto quer dizer que para reduzir a factura do Estado, o executivo vai elevar a factura do consumidor, acrescentando à subida de 3,8% no preço das tarifas (proposta pela ERSE), o agravamento de praticamente 30% da contribuição audiovisual. Tudo somado, teremos um aumento médio de 4,7% na factura eléctrica das famílias portuguesas, sendo que 31 milhões sairão para a RTP.
Tudo certo, em nome do estado social de direito, da coesão nacional, e para manter estes vencimentos que os impostos de portugueses com salário médio de 777 € terão de pagar, mesmo sem direito a subsídios de telefone, carro, gasolina, cartão de crédito, etc.
E depois de tanta taxa:
taxa de audiovisual;
taxa moderadora;
taxa de resíduos sólidos;
taxa de saneamento;
taxa de ocupação do subsolo;
taxa de utilização do espaço aéreo;
taxa de derrapagem de obras;
taxa de convivência com corrupção;
taxa de .... + taxa de ....
que mais faltará para o regresso da antiga licença de isqueiro?
Vampiros, Zeca Afonso.
Ou será cleptómanos?
Matumbos é que não.

domingo, 17 de outubro de 2010

( in ) dependências

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quando aqui escrevia,

« A fazer fé nas estatísticas que sobre o país se vão publicando, cá dentro e lá fora, temos cada vez mais pobres, e mais ricos. Temos cada vez menos classe média. A Nação está mais pobre, e vai ficar ainda muito mais pobre. Em termos financeiros, económicos, sociais, desportivos, culturais, educativos, motivacionais,...
Em contrapartida avulta a corrupção, a desigualdade, a injustiça,...
Começo a duvidar se ainda iremos a tempo de dar a volta a tanta imperícia, inconsciência, ganância, asneira.»

tinha duvidas!

Acabo de ouvir Marcelo dizer na TVI que quem hoje manda, no nosso país, são os banqueiros internacionais. E não os banqueiros portugueses como pensa Alegre. – Bem, lá que ditam, ditam!
A independência nacional foi atirada pela borda fora, para um qualquer caixote do lixo da história, pela incompetência de quase quinze anos de governação socialista.
Sócrates é o coveiro duma outrora orgulhosa Nação.
No próximo ano a classe média mirrará, inflacionando a multidão dos necessitados que já hoje germinam na nossa Terra.
Metade da população portuguesa passará fome, mas andará de TGV. Como estará desempregada, e de bolsos vazios, sem dinheiro, pagará o bilhete em espécie, por troca directa, com gambozinos.....

Já não tenho dúvidas.....
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a música do soajocity

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Miradouro de Júlio Pereira



in biografia escrita pode ler-se:
Multi instrumentista, compositor e produtor, ao longo de 30 anos de carreira, Júlio Pereira tem norteado a sua preocupação artística por parâmetros que tomam como referência a universalidade das manifestações culturais. O que, de forma nenhuma, contraria a importância do seu trabalho no âmbito da música tradicional portuguesa e da consideração étnica dos sons e das suas raízes.
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O mais recente disco de Júlio Pereira foi distinguido no dia 15 de Outubro pelo Orfeão de Leiria Conservatório de Artes com o prémio “Melhor Disco do Ano”, no âmbito da 18ª edição da entrega dos “Troféus Pedrada no Charco”.

para ver, e ouvir, aqui

http://www.juliopereira.pt/

sábado, 16 de outubro de 2010

sabedoria popular

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Uma anedota que chegou por email; deve circular pela net.
Vendo-a com as virtudes e pelo preço que a comprei!

« Sócrates queria um selo com a sua foto para deixar para a posteridade o seu mandato no Governo deste país que está de tanga. Os selos são criados, impressos e vendidos. O nosso PM fica radiante! Mas em poucos dias ele fica furioso ao ouvir reclamações de que o selo não adere aos envelopes.
O Primeiro-ministro convoca os responsáveis e ordena que investiguem o assunto. Eles pesquisam as agências dos Correios de todo o país e relatam o problema.
O relatório diz:
"Não há nada de errado com a qualidade dos selos. O problema é que o povo está a cuspir no lado errado."

a lei... da selva

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opinião
no correio da manhã de hoje
Por:António Martins, Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses

« Este Governo, na sequência dos desgovernos dos últimos 15 anos, esbanjou e desbaratou o dinheiro do Estado e hipotecou-o para além das suas capacidades. Agora, pressionado pelos grandes interesses financeiros e económicos, prepara-se para roubar. Porque, sejamos claros, esta redução de vencimentos é um roubo.
Caso fosse um imposto, devia ser universal e progressivo e não atingir apenas algumas pessoas. Se fosse uma nacionalização ou uma expropriação, daria lugar a uma justa indemnização. Como empréstimo, seria devolvido.
Mas não. O que o Governo pretende fazer é comportar-se como se não existisse Lei nem responsabilidades ou obrigações contraídas e, unilateralmente, quer deixar de cumprir as suas obrigações para com as pessoas, e sem quaisquer consequências. Se as pessoas afectadas deixarem de pagar a renda ou a hipoteca da casa, não estão a seguir apenas o exemplo do Estado?
Mas quem está a pensar "safei-me, os funcionários públicos que paguem a crise" desengane-se, pois é uma questão de tempo. O patronato não vai tardar a exigir que também possa comportar-se como o Estado, usando a lei da selva, isto é, a lei do mais forte.
É esta a sociedade que nós queremos?»

ordenamento do ( no ) parque

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O jornal público de hoje noticia que o Parque Nacional Peneda-Gerês terá novo plano de ordenamento, ainda este ano de 2010.
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soajo, leijó

« A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, garantiu, ontem, no Gerês, Terras de Bouro, que o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês - que foi muito contestado pelas populações - estará publicado antes do fim de 2010.
O período de consulta pública terminou. Houve muitas sugestões, críticas, negativas e positivas, e, agora, analisados esses contributos e a sua compatibilidade com a legislação comunitária, que é preciso respeitar, está-se a ultimar o documento", afirmou, em declarações aos jornalistas.
A governante falava no final da visita que efectuou ao Parque Nacional da Peneda-Gerês para assistir aos trabalhos que estão a decorrer para recuperação da zona ardida no Verão.
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soajo, coto velho

Dulce Pássaro, acompanhada pelo director do Parque, Lagido Domingues, e pelo presidente da Câmara de Terras de Bouro, Joaquim Cracel, deslocou-se às zonas da Pedra Bela e das Levadas para conhecer a extensão da área ardida no Verão e o projecto de reflorestação do programa Carbono Zero, que abrange uma área de 40 hectares, em Fafião, e envolve a plantação de árvores folhosas e algumas resinosas. O programa Carbono Zero vem na sequência do Protocolo de Quioto, "que tem como objectivo fazer o sequestro do carbono", salientou Lagido Domingues.»
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soajo, ramil

« Ordenamento de um território: estudo profundo e detalhado de um território (país, região, etc.) para conhecer todas as suas características e que constituirá a base para a elaboração de um plano cuja finalidade é a utilização racional desse território, ou seja, o aproveitamento das potencialidades, a maximização da produção a par com a protecção do ambiente, visando o desenvolvimento socioeconómico e a melhoria da qualidade de vida.»
em: grande dicionário universal da Texto Editora, 1996 versão 2.0

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

fazer o bem

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opinião
no correio da manhã de hoje
Por: Rui Rangel, juiz desembargador
Estado das Coisas

fazer o bem

« Uma máxima dos princípios democráticos ensina que quem gere a Res Pública deve fazê-lo de boa-fé e norteado por regras de transparência e de rigor. Gerir a coisa pública não é o mesmo que gerir a vida doméstica de cada um. Coisa pública ou causa pública é a vida das famílias, o seu bem-estar, a sua saúde, em suma, os seus direitos e garantias enquanto cidadãos de pleno direito.
É a garantia dos direitos sociais e o respeito absoluto pelos salários. É a vida das empresas que lutam pela sobrevivência e pela manutenção dos postos de trabalho, apesar de terem de conviver com uma carga tributária das mais elevadas da zona euro. Só faz sentido ser governante se for para fazer bem ao povo e para desenvolver o país de forma sustentada e responsável. Ser governante em ditadura não deveria ser o mesmo que governante em democracia. Mas parece que é o mesmo.
O que a democracia está a fazer ao seu povo com estas medidas injustas de austeridade também fazia a ditadura. O Estado tinha, é certo, uma visão miserabilista de si próprio, mas não era despesista, gastador, e havia rigor nas contas públicas. Se o homem das botas tivesse governado em democracia dava uma lição de finanças públicas a todos estes ‘crânios de trazer por casa’ que estão no governo, quer em rigor, quer em transparência nas contas e na despesa pública. Acredito que José Sócrates não durma descansado. Teve oportunidade de governar bem e melhor, com uma maioria absoluta e com muito dinheiro. Teve oportunidade de fazer o bem pelo seu povo, mas, por incapacidade ou por falta de vontade política, escolheu o caminho do mal. Fazer mal ao povo é ter consentido a criação de um Estado tentacular, gordo, que gastou o dinheiro que tinha e que não tinha. Fazer mal é não ter feito as reformas necessárias no Estado e na administração pública e ter optado pelo caminho mais simples: aumento da carga tributária e redução das condições sociais e dos salários – redução esta de duvidosa constitucionalidade por violação do princípio da confiança, da igualdade e da intangibilidade das remunerações. Fazer mal é permitir as constantes derrapagens financeiras nas parcerias público-privadas, de que são exemplo a Lusoponte, a Expo’98 e os Estádios do Euro’2004. Fazer mal é deixar que uns ganhem com estas derrapagens e que seja o povo a pagar. Fazer mal é não resolver os problemas do ensino,é fechar escolas e postos de saúde, é não resolver a crise da justiça. De que serve ser governante se se deixa o país com dois milhões de pobres e com 800 mil desempregados? Vale a pena ser governante se o povo está triste e não tem dinheiro para comprar bens de primeira necessidade? Vale a pena estar no governo não para servir a República mas a si próprio e ‘seus muchachos’? E o que aconteceria se os mineiros do Chile, que estão agora a ser resgatados de forma grandiosa e histórica, fossem portugueses? Ainda tinham de pagar o custo do salvamento? Agora a ‘moral aristocrática’ para bater mais no povo invoca a emergência nacional e o carácter excepcional das medidas, mas não pede a responsabilidade civil, criminal e política de quem nos lançou neste abismo. Como diz Allan Kardec, o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Não praticar o mal já é um princípio do bem.»

Em complemento, e para avivar memórias, apenso este vídeo do blogue 31 da armada, acabado de descobrir no correio da manhã:
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pobre país, desgraçado povo

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1. --- sem crédito
O economista Medina Carreira, em entrevista ao «Diário de Notícias», diz que o primeiro-ministro «já não tem crédito» e que o executivo «merecia uma sapatada».

2. --- más medidas
José Silva Lopes olha com desconfiança para a integração do fundo de pensões da Portugal Telecom (PT) na Segurança Social. «Não é uma receita, é um empréstimo», avisa. «Nós vamos pagar isso com língua de palmo», disse à Lusa, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), num debate sobre a União Económica e Monetária (UEM).

3. --- vem aí mais
No Boletim Económico de Outono, do BdP pode ler-se: «A 29 de Setembro, o Governo aprovou um conjunto de medidas adicionais a incluir na proposta de Orçamento para 2011. No entanto, as medidas de carácter permanente desde já bem especificadas não parecem ser suficientes para garantir a prossecução do objectivo assumido para 2011», refere. Ou seja, sem as medidas adicionais, a meta de défice para 2011 jamais seria cumprida. E até a de 2010 estaria em risco.

4. --- a imprensa amiga ( e irresponsável )
O Orçamento do Estado (OE) está a ser imposto «por arrogância e turbilhão mediático», acusou esta quinta-feira o conselheiro nacional do PSD, António Nogueira Leite, que remeteu para a próxima semana uma posição sobre o documento.

5. --- aprovar um mau orçamento não nos vai livrar dos problemas
Dois economistas e ex-ministros defenderam esta quarta-feira que a actual proposta do Governo ainda não é um bom orçamento. Mira Amaral diz que aprovar um mau Orçamento não adianta nada. Já Miguel Cadilhe acredita que, com o contributo dos vários partidos, ainda vamos ter «um orçamento recomendável».
Disseram ainda: «Quando se está a pagar taxas de juro de quase sete por cento, se calhar era melhor ter um acordo com o FMI, porque ajudava a credibilizar [o país] no plano externo»,

síntese:
algumas, ou quase todas, destas medidas também concordo e aceito que sejam necessárias. Mas porquê ? Porque se chegou a esta situação, de indigência e desgraça, se há tanto tempo se vem dizendo ao arremedo de primeiro ministro que ele andava na lua, não querendo ver o óbvio que toda a gente via? Será porque o arremedo de primeiro ministro a quem já chamaram mentiroso, irresponsável politicamente, Pinóquio, arrogante, habilidoso, falho de carácter e até louco, será que andou , passou, os seus mandatos mais preocupado em limpar a sua imagem das "porcarias" que a sujavam, como foram os casos freeport, cova da beira, licenciatura domingueira, sobreiros, imprensa TVI, etc, ..... e não teve tempo nem engenho para a governação ?
Pobre povo, desgraçado país.
Que tais filhos tem!
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

boas políticas de austeridade

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O jornal I escreve hoje na sua secção de saúde:
« Os clínicos que acabam o internato em medicina geral e familiar nos centros de saúde têm como compensação uma perda de quase mil euros de ordenado. Passam a receber um salário mais baixo do que quando eram estagiários, resultado das mudanças e das restrições recentes na contratação pública. São finalmente médicos especialistas, mas mais valia serem internos em formação.
A situação está a criar uma "grande revolta" nos jovens médicos e é mais uma das "grandes incongruências" das novas regras impostas pelo governo, denuncia o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz. "Não é assim que se vão fixar médicos" nos centros de saúde públicos.»

Se a moda pega, talvez seja de perguntar: para quê investir em formação, e treino, e experiência, e estudo ?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

nobel de economia

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O Prémio Nobel da Economia de 2010 foi ontem, 11/10/2010, atribuído a três economistas: dois americanos, Peter A. Diamond e Dale T. Mortensen, e um cipriota, Christopher Pissarides.
O galardão pretende homenagear o trabalho destes académicos na área dos mercados com contribuições significativas e aplicáveis à compreensão do mercado do trabalho, em especial na vertente do desemprego.
Os estudos pelos três elaborados pretendem ajudar a melhor responder a diferentes perguntas como sejam:

- “Porque é que há tantas pessoas desempregadas ao mesmo tempo que existe um grande número de postos de trabalho vagos?”

- "Que processos influenciam as decisões da procura de um novo emprego depois de se perder o anterior, e qual o papel que as políticas ( económicas, financeiras, sociais, fiscais, laborais,... ) desempenham nesses processos?"

- "Podem, e como, os desempregados regressar ao mercado de trabalho sem ( ou com ) um grande tempo de inactividade?"

A Academia Sueca atribui prémios desde 1901 em memória de Alfred Nobel, nas mais variadas áreas da ciência. O Prémio Nobel da Economia apenas foi criado em 1969, tendo sido, nesta sua primeira vez, conjuntamente atribuído a Ragnar Frisch e Jan Tinbergan, pelos seus trabalhos de análise de processos económicos com modelos dinâmicos .
Não é portanto, o Nobel da Economia, um dos prémios originais.
Na área económica foram premiados famosos,: em 1970 Paul Samuelson, em 1973 Wassily Leontief, em 1976 Milton Friedman, em 1981 James Tobin, em 1987 Robert Solow, em 1999 Robert Mundell, em 2008 Paul Krugman.
O Prémio Nobel tem uma componente tripla, sendo constituído por um diploma pessoal, uma medalha, e uma quantia em dinheiro.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

mentiras

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É só mais uma mentira.
Têm sido tantas e de tal calibre que já ninguém se admira, nem incomoda, e muito menos alvoroça.
Silva Lopes esteve, tem estado, muito calado, ou pouco crítico das infames decisões, e perversas políticas, deste executivo, que desgraçadamente nos calhou, em eleições.
Desta vez Silva Lopes lá vai dizendo aquilo que até um economista das "novas oportunidades" não teria a menor dificuldade em adivinhar.
Mas, SL é um economista da velha guarda, ex-ministro e antigo governador do Banco de Portugal, tem por isso responsabilidades sociais. De vez em quando, que pena ser só de vez em quando, temos um alarme de, e na, consciência.

«Vamos pagar fundo de pensões da PT com língua de palmo»
disse ele
Economista Silva Lopes não vê a transferência para o Estado com bons olhos. Diz que é um empréstimo com juros altos.
O economista José Silva Lopes olha com desconfiança para a integração do fundo de pensões da Portugal Telecom (PT) na Segurança Social. «Não é uma receita, é um empréstimo», avisa.
Com esta decisão, Portugal «está a fazer um empréstimo», mas em «condições mais gravosas» do que aquelas que conseguiria num «empréstimo normal no mercado», sustenta o ex-ministro e antigo governador do Banco de Portugal.
«Nós vamos pagar isso com língua de palmo», disse à Lusa, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), num debate sobre a União Económica e Monetária (UEM).
Recordando que esta medida não é inédita em Portugal e que outros antecessores do actual ministro das Finanças, como Manuela Ferreira Leite, também já a adoptaram, Silva Lopes afirmou não compreender como é que a União Europeia (UE) a aceita.

domingo, 10 de outubro de 2010

derivando


. um dia destes no público

. e num outro

sábado, 9 de outubro de 2010

centenário da República

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opinião
no correio da manhã, 07/10/2010
Por: Rui Rangel, juiz desembargador
Estado das Coisas

Porquê?

O que há para comemorar nestes cem anos da República? Nada. De que se devem orgulhar os portugueses que, com o seu suor e trabalho, lutam diariamente para levar para casa o mínimo de rendimento que lhes garanta o sustento e a sobrevivência do seu agregado familiar? Que olhar podem ter as pequenas e médias empresas para os gastos avultados com as comemorações da República, quando todos os dias muitas delas abrem falência, lançando no desemprego centenas de trabalhadores?
Que República é esta que trata os seus filhos de forma desigual e assiste da bancada vip ao crescimento da pobreza, da miséria e do desemprego. Que consente que os ricos estejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Que República é esta que está a liquidar, sem dó nem piedade, a classe média. Que é corrupta, opulenta nos gastos, que está gorda e anafada nos proveitos que retira ilicitamente só para alguns.
Quem são os filhos legítimos desta República? Não são os portugueses honestos, probos, que não vivem dos tachos e debaixo do manto da senhora protectora. São aqueles que lhe sugam o sangue, que estão na rede clientelar e que se aproveitam das suas fraquezas e debilidades, para os seus interesses pessoais ou de grupo.
São estes que têm que pagar a crise resultante da enorme incapacidade e irresponsabilidade dos "donos" da República. A nossa República democrática está prisioneira dos grandes lóbis financeiros e do modelo partidário que temos. No bojo da República, apesar da liberdade, valor estimável e inegociável, do hino e da bandeira, repousam a mentira, as vigarices, a corrupção e o tráfico de influências.
A sorte (ou o azar de tudo isto) é que os portugueses, seja por ignorância, seja por falta de consciência cívica, não têm a mínima noção das negociatas e dos interesses que a democracia republicana tem consentido aos seus "donos". Ela está exaurida, agora, ao que se sabe, em rendimentos e há muito em valores.
Sem dúvida que as questões simbólicas devem ser recordadas e invocadas. Mas só aquelas que são motivo de orgulho nacional. Pouco ou nada nos orgulha no trajecto da República, quer no 5 de Outubro, quer na ditadura republicana, quer na democracia republicana.
Comemorar a República ao mesmo tempo que se pede aos portugueses que abdiquem de viver com dignidade, que deixem os seus filhos passar fome e que entreguem o produto do seu trabalho ao governo ou é falta de vergonha ou é não ter um pingo de dignidade.
Discursos bonitos, passadeiras vermelhas, desfiles de barriga cheia e com contas bancárias recheadas não dá mais.
Os cem anos da República deviam ser solenizados com melhor saúde, melhor ensino e educação, melhor justiça (a morosidade da justiça tem mais de cem anos), melhor Estado social, melhor distribuição da riqueza, mais empregos e com incentivos ao crescimento da economia.
E não penalizando, com aumentos de impostos, com cortes nos salários e nas pensões sociais.
O luto é que devia ser a marca indelével das comemorações da República, assinalando a incompetência de quem nos tem governado, as medidas injustas de austeridade impostas, a depressão e a quebra de auto-estima que está instalada nas pessoas.
E não adianta os "donos" da República dizerem, com um ar maquiado de sofrimento, que lhes custa tomar estas medidas de austeridade. A quem custa é às pessoas, já com tanto sofrimento e dor e com uma carga social sobre as costas desumana.

desaparecido na mansarda

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Depois de uns dias de férias, repartidas por uma curta deslocação à Zona Centro e duas ou três visitas a amigos e família, sempre cedendo às vontades maioritárias, resolvi tirar algum tempo para mim. Algum é favor pois dou-me agora conta que já ando isolado pela mansarda há mais de dois meses. O tempo passou à velocidade da luz.
Aproveitei para ler, ouvir música e recordar.
Não que o passado seja assim tanto, não que tenha sido assim tão bom, nem que o tenho decidido assim tão bem. Só que as realidades presentes e as ambiguidades futuras deixam-me confessadamente preocupado, sobretudo pelos mais jovens.
O tempo não só passa depressa como é um bem escasso, sobretudo para quem trabalha oito horas por dia, recebendo em troca muito menos do que precisa para sustentar-se a si e à família. Admito que também o seja, mas por razões diferentes, para quem não consegue esvaziar a carteira durante as visitas diárias que faz às grandes superfícies comerciais, em horário laboral.
A fazer fé nas estatísticas que sobre o país se vão publicando, cá dentro e lá fora, temos cada vez mais pobres, e mais ricos. Temos cada vez menos classe média. A Nação está mais pobre, e vai ficar ainda muito mais pobre. Em termos financeiros, económicos, sociais, desportivos, culturais, educativos, motivacionais,...
Em contrapartida avulta a corrupção, a desigualdade, a injustiça,...
Começo a duvidar se ainda iremos a tempo de dar a volta a tanta imperícia, inconsciência, ganância, asneira.
John Lennon faria hoje setenta anos, se vivo.
Sou da geração dos Beatles, e dos Hippies, e de Woodstock, e de Brigitte Bardot, e de tantas outras coisas.
Vi a B. B. nos cinemas algumas vezes, ouvi os Beatles muitas, desde os velhinhos discos de vinil até aos modernos cd(s). A Brigitte continua sendo uma mulher linda, a música dos Beatles será eterna. Para as recordar, à música e à Bardot, vale a pena isolar-me na mansarda.
Ouçam e vejam. Como é lindo.
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