segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

explosão

.
Tenho para mim que o meu país é governado por gente impreparada, inapta e inepta. Social, técnica e culturalmente deficitária, mas excedentária na arte da manipulação sociológica e comunicacional. Politicamente habilidosa. Acresce, como também já foi sobejamente dito e escrito, que é minguada de carácter, mentirosa, teimosa, imprevidente, daninha senão funesta.

Claro que num contexto de dificuldades e de crise, tais atributos potenciam negativamente as consequências das suas políticas e práticas governativas. Ainda mais quando umas e outras se revelam de um completo arbitrarismo, irracional, inoportuno, ilógico e desigual. Como este, de apenas os funcionários públicos poderem vir a ser os únicos cidadãos - com cortes - chamados a suportar o custo dos desmandos governativos, que a toda a sociedade, pública e privada, contentaram. Porquê? E por que não ?

Se, e quando, as previsões e ou conjecturas de renomados sociólogos como António Barreto e Boaventura Sousa Santos se materializarem, uma forte anomia social poderá instalar-se no país. Depois, .... será tarde demais. Porque a "explosão" pode mesmo acontecer.

« Para os sociólogos António Barreto e Boaventura Sousa Santos o ano 2010 foi um ano de susto, em que os portugueses foram apanhados de surpresa. Um ano de medidas de austeridade aplicadas gradualmente e que não tiveram um efeito pleno na vida dos portugueses, como tiveram em países como a Grécia ou a Irlanda, onde as medidas foram particularmente drásticas.

Os dois sociólogos justificam a aparente calma da sociedade portuguesa, apesar do contexto de agravamento da crise e da escalada de violência com manifestações pela Europa, com a falta de tradição organizativa e excessiva dependência do Estado. Lembram que o país viveu metade do século XX sem democracia e que, por isso, as pessoas continuam a ter medo e a viver como num regime de ditadura.

Boaventura Sousa Santos acredita que as “coisas vão piorar” e que “se não houver inflexão vai-se assistir a uma situação explosiva nos próximos anos”.
Na opinião do sociólogo, Portugal não é dos países que “mais se ofendem, pois viveu muito tempo com a mediocridade escondida do salazarismo”, e “não tem tanta percepção de justiça”, mas pode ser contagiado pelas mobilizações sociais na Europa, perante o desgaste dos direitos sociais.

António Barreto e Boaventura Sousa Santos dizem, de acordo com o Público, que os portugueses receberam a crise com surpresa mas podem passar à "explosão". »