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opinião
Vasco Pulido Valente escreveu ontem, sábado, dia 27-02-2010, no jornal Público.
« Os regimes começam a cair pelos seus partidos. Portugal é um exemplo claro. Quando os partidos tradicionais da monarquia constitucional, o Partido Regenerador e o Partido Progressista, perderam qualquer espécie de identidade ideológica e programática, falharam sucessivamente no governo e se desintegraram em facções sem significado e sem destino, a República chegou. E, na República, quando o Partido Democrático de Afonso Costa, depois de 1918, deixou o seu jacobinismo original e passou a ser um conjunto de pequenos ranchos que se guerreavam, nada podia já impedir o 28 de Maio e a Ditadura. Mesmo a Ditadura se desfez, quando Salazar morreu, em bandos de "notáveis" que se detestavam e que pouco a pouco conseguiram paralisar Caetano.
A agonia desta II República, sob que vivemos, também está hoje à vista no calamitoso estado dos partidos parlamentares. O PC há 20 anos que não acredita na revolução e só quer impedir o governo de governar - seja ele qual for: da direita, do centro ou do PS. É um apêndice maligno, que dura contra todo o senso e toda a lógica. O Bloco, que não passa do PC da nova classe média, não serve para nada. Acabou por se tornar num grupo de protesto vociferante e vão, incompreensivelmente instalado em São Bento. E o PS, que Sócrates transformou numa tropa calada e reverente, vai desaparecendo agora, afundado (com razão ou sem ela, não importa) em escândalos de vária ordem e gravidade, e numa crise que não previu e não soube tratar. Como pode ele, sozinho, sustentar o regime?
Quanto ao PSD, Santana Lopes disse ontem que é, literalmente, uma "casa de ódios". Não vale a pena insistir na balbúrdia eleitoral em curso e na irremediável mediocridade dos candidatos. Ou no congresso extraordinário, que se reunirá em Março, ninguém percebeu ainda por quê e para quê. O PSD "precisa de salvação", como explicou Santana? Com certeza que sim. Mas, "precisando de salvação", como se propõe esse náufrago salvar o país? Falta falar do CDS ordeiro e laborioso de Paulo Portas, que não sai e parece que nunca sairá do seu cantinho. Por muitos méritos que lhe atribuam ou que, de facto, tenha, contar com ele não é realista. Na II República já não existem partidos. Existem sombras de partidos, restos de partidos, destroços de partidos. O regime não irá durar muito».
domingo, 28 de fevereiro de 2010
O fim do regime?
Publicada por leunam-atab à(s) domingo, fevereiro 28, 2010
Etiquetas: opinião, politica, vasco pulido valente
o exemplo moçambicano
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Com demasiada frequência lemos, e, ou, ouvimos falar de casos e mais casos, de má gestão da coisa pública. Quase sempre registados como acontecendo em países chamados menos desenvolvidos, ou, em desenvolvimento se não quisermos ferir susceptibilidades. Também, quase sempre essa má gestão fica impune, é desvalorizada, e é mesmo reproduzida.
Acontece que hoje, com alguma surpresa e daí o registo, dei por mim a ler aqui, um bom exemplo que a periferia pode dar ao centro. (Que o menos pode dar ao mais desenvolvido, que o colonizado pode dar ao colonizador. Sócrates visita Moçambique na próxima semana, de 2 a 5 de Março).
Assim é a justiça! Feita em nome do povo, em prol do povo.
Gostei!
Até porque gosto muito de Moçambique, e tenho saudades de Moçambique.
E também gosto disto.
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Moçambique é "mesmo" saudade linda.
Publicada por leunam-atab à(s) domingo, fevereiro 28, 2010
Etiquetas: Moçambique Wazimbo "Nwahulwana"
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
(in)dependências
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Na SIC online
« Director do jornal Sol diz, na comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura, que poder judicial encobre poder político.
O director do semanário Sol disse hoje no Parlamento que existe um "encobrimento do poder político pelo poder judicial" e que se as escutas não tivessem sido divulgadas pelo seu jornal o debate de hoje não estaria ser feito.
"Hoje acho que há uma conivência do poder judicial com o poder político. Mas penso que se pode dizer mais, há encobrimento do poder político pelo poder judicial. Há factos suficientes para se poder afirmar que há encobrimento", disse José António Saraiva, que está a ser ouvido pela comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura a propósito de alegadas intervenções do Governo na comunicação social.
A edição de hoje do Sol refere que o Procurador-geral da Republica foi informado pessoalmente de escutas que estavam a decorrer no âmbito do caso Face Oculta e afirma que "a partir desse dia, as conversas mudam de tom e há troca de telemóveis".»
Sobre a mesma matéria escreve o Jornal de Negócios
« José António Saraiva, Director do Sol
"BCP quis decapitar o Sol e a sua linha editorial"
José António Saraiva tem a certeza que a operação do BCP em relação ao "Sol" foi desencadeada por Armando Vara e considera que o banco "quis decapitar" o jornal e a sua linha editorial.
O director do semanário reafirmou ainda que uma pessoa próxima do primeiro-ministro disse a Mário Ramires, subdirector do jornal, que os problemas do jornal ficariam resolvidos se não fossem publicadas mais peças sobre o caso Freeport. Mais: “Um director de um jornal disse-me que um alto partido socialista lhe disse que o futuro do jornal dependeria da capa do “Sol”” num fim-de-semana em que o jornal ia avançar com mais matéria sobre o Freeport.»
Esta é a ética republicana socialista, socrática, no que à liberdade de imprensa e de comunicação diz respeito. E assim chegamos a este estado do nosso Estado de Direito.
Publicada por leunam-atab à(s) sexta-feira, fevereiro 26, 2010
Etiquetas: liberdade de imprensa, separação de poderes
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
esbanjamentos
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Segundo o correio da manhã de hoje, 25 Fevereiro 2010, Ronaldo embolsa seis milhões em novo contrato de publicidade.
Escreve o jornal:
« Cristiano Ronaldo vai receber seis milhões de euros/ano, da Nike, até 2014, e torna-se o futebolista mais bem pago da marca norte-americana de material desportivo.
O jogador português, de 25 anos, estava a assediado pela Adidas. Chegou mesmo a receber uma proposta milionária da empresa alemã, de acordo com a imprensa espanhola, mas recusou-a e decidiu renovar com a marca que veste a selecção nacional, em detrimento da que equipa o Real Madrid.
Ainda assim, Ronaldo fica atrás, por exemplo, dos basquetebolistas Kobe Bryant (7.5 milhões) e Lebron James (9 milhões) e longe dos 16 milhões que a Nike paga ao golfista Tiger Woods. »
É por isto, indecentes sinecuras, humilhantes para quem recebe mínimos salários mínimos, e pela exploração que fazem da mão de obra infantil em diferentes países asiáticos, que nunca comprei, nem comprarei, o que quer que seja das referidas marcas multinacionais.
As mordomias utilizadas na compra fácil de egos primários e insciente são, não só imprudentes como também contraproducentes.
Potenciam sociedades desequilibradas e injustas, e a prazo moribundas.
É para aí que caminhamos ?
Publicada por leunam-atab à(s) quinta-feira, fevereiro 25, 2010
Etiquetas: sociedade
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
cheques em branco e cacarejos
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Cá estamos, depois de uns dias de afastamento de quase tudo, até dos jornais, em favor da aproximação do que foi, e é, mais importante!
Noutro plano, importante é, também, saber o que se vai dizendo e escrevendo sobre “cheques em branco e cantos de galo” no nosso país, já que, de forma directa e indirecta nos acabam por acometer.
O tempo tem-se revelado “curto”para escrever, ou para outras tarefas que não as de rotina mais imediata, por isso transcrevo, com hiperligação, duas crónicas do correio da manhã de hoje.
São narrações de proximidade e de actualização do blogue.
João Pereira Coutinho, correio da manhã
A voz da razão
Um cheque em branco
Com a autoridade política desfeita em cacos, o primeiro-ministro mandou chamar o partido. Para quê? Para conseguir ‘unidade’, ou seja, uma espécie de polícia de choque que o proteja das negras trapalhadas da vida. Um líder, por definição, lidera. Mas Sócrates já não lidera o seu rebanho; esconde-se atrás dele, o que não deixa de ser uma confrangedora exibição de tibieza e fragilidade.
E o rebanho? O rebanho parece disposto a caminhar para o matadouro, ignorando por completo esse fantasma tremendo que se chama ‘dia de amanhã’. Porque existem ‘dias de amanhã’ que o PS, logicamente, desconhece. Que fará o PS, este PS comprometido e arregimentado, se a imprensa continuar a retirar da cartola coelhos que mais parecem ratazanas? Que fará o PS, este PS silencioso e timorato, quando a degradação política, já alarmante, atingir níveis insuportáveis? Fingir que não tem nada a ver com nada?
O PS não se prepara para apoiar Sócrates. Prepara-se, coisa pior, para lhe passar um cheque em branco sem exigir fiador. É o princípio da falência partidária.
João Miguel Tavares, correio da manhã
O Cronista Indelicado
Sócrates canta de galo, os outros cacarejam
A notícia da morte de José Sócrates tem sido manifestamente exagerada. Muita gente diz, e com razão, que por um décimo das avarias que Sócrates já praticou Pedro Santana Lopes foi posto fora de São Bento. Mas há uma diferença substancial entre os dois, que não tem a ver com a gravidade dos actos mas com a ordem que se consegue manter na capoeira: enquanto o governo de Santana estava em cacos, com ministros a distribuírem bicadas por todo o lado, José Sócrates continua a ser o único dono dos ovos. Ele canta de galo. Os outros cacarejam.
Ver gente como Mário Soares, António Vitorino ou Almeida Santos vir a público defender Sócrates, depois de tudo o que foi revelado nos jornais, é uma coisa que dá a volta ao estômago, e diz bem do estado lastimável em que se encontra a ética da República. Mas não há como negar a espantosa persistência do primeiro-ministro, e a fidelidade canina que desperta à sua volta. Pena ter cedido, como Darth Vader, ao lado negro da Força – fossem estas qualidades dirigidas para o sítio certo e poderíamos ter tido um excelente primeiro-ministro, em vez de um zombie político que por mais machadadas que leve regressa sempre dos mortos para nos atormentar.
Acredite em mim, caro leitor. Ainda há-de passar um outro Inverno e José Sócrates continuará no seu cargo, a fazer inaugurações todos os sábados no Portugal profundo, a reunir-se com muitas senhoras, a dar entrevistas cândidas e a recusar as explicações que seria do seu mais elementar dever fornecer. É triste, é deprimente, mas é assim. Licenciatura da Independente, projectos da Guarda, caso Cova da Beira, caso Freeport, apartamento na Braancamp e agora o Face Oculta. Sócrates está neste momento a usar a sua sétima vida. E é bem capaz de ainda vir a bater o recorde dos gatos.
Publicada por leunam-atab à(s) sexta-feira, fevereiro 19, 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
a alegria do povo
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O DN publicou no dia 08 de Fevereiro 2010 a seguinte notícia:
" Aos 88 anos, José Alves "apenas via umas sombras". O idoso tem cataratas há muitos anos, mas foi operado no Centro Oftalmológico da Régua. A intervenção cirúrgica, que não exigiu uma anestesia, demorou cerca de dez minutos. No final, José Alves estava bem-disposto e acreditava que recuperaria a visão. Foi o que aconteceu apenas 24 horas depois, quando lhe retiraram os pensos dos olhos. "Já vejo! Posso agora ver melhor os meus netos e o Benfica na televisão", disse, sorridente, José Alves ao DN".
notícia relacionada
"Em nove meses, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) eliminou as listas de espera de oftalmologia, um problema ainda por resolver em muitos hospitais do País. E se na região milhares de doentes aguardavam mais de um ano por uma consulta e vários anos por uma cirurgia, agora são atendidos em apenas 15 dias".
Leram bem:
- as cirurgias duram dez minutos, e nem precisam de anestesia;
- as consultas nem demoram quinze dias.
Era isto o que eu gostaria de grafar, como estando a acontecer, a propósito do Centro Hospitalar do Alto Minho.
Por mim, em sinal de aplauso, apreço e reconhecimento.
Pelos nossos conterrâneos "velhinhos" também, pois isso significaria poderem voltar a ver a alegria do Povo, o Benfica.
Como gostaria...
Publicada por leunam-atab à(s) sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Etiquetas: alegria do povo, benfica, cataratas, hospitais
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Carnaval
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O carnaval é uma festa que teve origem na Grécia, cerca de cinco a seis séculos a. C., por meio da qual os gregos pretendiam agradecer aos deuses benesses, como a fertilidade do solo e a abundância da produção agrícola. Começou por ser uma festividade pagã, que a Igreja recebeu.
Progressivamente, Gregos e Romanos foram-lhe introduzindo cerimoniais e práticas demasiado lascivas aos olhos Cristãos, tendo por estes sido proscrita. No entanto, o carnaval transformou-se numa festa muito desejada, pelo que o povo a considerou de celebração obrigatório no seu anuário de festividades. E a Igreja recuperou-a.
Os carnavais do Rio e de Veneza são provavelmente os mais famosos do mundo. Por cá, também temos carnavais muito badalados, como os de Ovar, Mealhada, Torres Vedras, Estoril, Loulé,.........,e o de Arcos de Valdevez.
O carnaval dos Arcos tem fama e tem história. Como tudo na vida, terá havido anos melhores e outros menos bons. Sempre ouvi falar dos carnavais de tempos antigos com cortejos de carros alegóricos e desfile de foliões, mascarados ou fantasiados, entupindo todo o Campo do Trasladário. Dizem que, por muitos anos, pontificou a figura pequena e redonda do Sr. "Zézinho das Farturas" interpretando S. Alteza o Rei Carnaval. E que, nos bailes apinhados, longos e suados, havia participação certinha de dançarinos que vinham desde Vigo até para lá do Douro. Quer no velhinho e demolido Cine Teatro, quem dele ainda se lembra, quer no seu sucessor, o "novo" Alameda.
De como se vem fazendo a festa nos novos tempos, não tenho informação bastante. A fazer fé nas promessas para este ano, se o tempo deixar, direi que fará jus à tradição.
"Durante cinco dias - 12,13,14,15 e 16 de Fevereiro - a diversão vai andar nas ruas arcuenses com os habituais festejos do Carnaval, que contam com a organização da FOLIA (associação responsável pela organização das festividades do município) e Câmara Municipal.
- No dia 12 (sexta-feira) terá lugar, pelas 10h30, o desfile de Carnaval organizado por várias Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho;
- no dia 13 (sábado) o Largo da Valeta recebe um encontro de concertinas (15h00), porco no espeto (17h00) e o grupo musical "Cantares de Outono" (22h00);
- dia 14 (domingo) realiza-se o baile de Máscaras com a "Orquestra Royal" (16h00) e às 22h00 a continuação do mesmo;
já no dia 15 (2ªfeira) a "Orquestra Microsom" anima o Baile de Carnaval que terá lugar pelas 22h00;
- por último, na terça-feira gorda terá lugar no Campo do Trasladário o Cortejo carnavalesco que este ano será de tema livre e terá como Rei ou Isaac Alfaiate ou João Catarré - ambos actores da telenovela "Deixa que te Leve", filmada em Arcos de Valdevez".
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Ali pertinho, mais junto à fronteira galega, fazia-se o Carnaval Soajeiro.
A desertificação do interior e o êxodo rural, que por aqui também se vai acentuando, e de que maneira, impele-me a escrever fazia, e não faz. Assim a modos que aleatoriamente, em qualquer lugar da vila e a qualquer hora, surgiam grupos de mascarados que, improvisando cerimoniais de sátira e comédia, como leituras de testamentos ou casamentos de "viúvos", espalhavam boa disposição e riso ate às lágrimas. Também "cenas apimentadas", cheias de simplicidade natural, alegria, cor e boa disposição, guardadas e protegidas por entrudos borralheiro e chocalheiros, que ora se mostravam de uma ternurenta simpatia, ora espalhavam o terror pelos presentes. Talvez reminiscências dos longínquos tempos pagãos......
Publicada por leunam-atab à(s) quinta-feira, fevereiro 11, 2010
Etiquetas: Arcos de Valdevez, Carnaval, soajo
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
petição
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Todos pela liberdade.
Em outras épocas, ao que parece muito distantes no tempo, dizíamos que "não há machado que corte a raiz ao pensamento". Cresci a ouvir o Manuel Freire nessa maravilhosa melodia, que tantas vezes me tem lembrado nestes últimos tempos. Para além de agradável, põe a pensar, que é coisa que parece hoje estar arredada, de um dos lugares de onde nunca deveria ter saído, as Universidades. E não só.
Se juntarmos a esta propensão para a apatia, o que pela comunicação social perpassa quanto, a alegadas ingerências nas linhas editoriais dos "media", a práticas mais ou menos opacas de constrangimento social, a pretensões tentadas de asfixia democrática, não é aceitável que se continue indiferente.
Não podia deixar de assinar a petição todos pela liberdade, pois......
Sempre defendi, proclamei e pratiquei, as liberdades de pensamento, de opinião e de expressão.
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Publicada por leunam-atab à(s) terça-feira, fevereiro 09, 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
memórias com Bs
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Quase todos os noticiários do dia enfatizam o jogo de futebol entre o SCBraga e o CFBelenenses, de hoje à noite. Ninguém se surpreenderá, uma vez que o futebol tem no panorama noticioso do nosso país um peso exagerado, talvez mesmo excessivo. As restantes modalidades desportivas ficam com uns míseros segundos de antena, quando ficam. Aliás, ao futebol dá-se, na minha opinião, desmedida relevância social. Só programas televisivos de discussão do jogo, ou melhor, das arbitragens do jogo, são sete ou oito. Acresce que, na maioria dos casos, os intervenientes se comportam não como comentadores, mas como apaixonados adeptos, o que corrompe a qualidade das suas análises.
Como alguém diria, isto agora não interessa nada.............
O facto é que dei por mim a revisitar a cidade de Braga. A primeira cidade grande da minha vida. Grande, em qualquer dos vários ângulos pelos quais hoje a possa recordar, e não só porque ao tempo do nosso primeiro impacto, eu era pouco mais que um miúdo, inocente e rural. Também porque quase quase estive para jogar futebol nos juniores do SCBraga, o que só não terá acontecido devido a uma sobreposição ou coincidência de horários. A Matemática daqueles tempos era bem absorvente e trabalhosa. Ainda conservo o cartão de sócio, por pouco tempo, Nº7568, da geral.
Foi o único clube de que fui sócio, e de que ainda sou simpatizante.
E porque sem memória não há história, a cidade dos arcebispos será sempre lembrança:
- Braga foi cidade académica, preliminar da universidade; quantas boas recordações dos companheiros do colégio D. Diogo de Sousa e do Liceu Sá de Miranda; quantas .......... das aulas e da prof. de Filosofia; e das aulas "conjuntas" de Educação Física;
- Braga foi cidade de Bom Jesus, nas tardes estivais de passeio e de romance, de sábado e de domingo;
- Braga foi cidade dos primeiros bailes, de garagem, da J.E.C. no Liceu,
e de apartamento desabitado;
- Braga foi cidade de iniciação à música inesquecível dos Beatles;
(aqui os recordo com este vídeo de memórias capítulo sexto)
- Braga foi a cidade de saída para as primeiras boleias até ao Porto e até Viana.
Foi um tempo juvenil todo cheio de descobertas.
A minha, a do semelhante, a do competidor, e a do universo,
se bem que tão só próximo.
E assim se faz uma recordação em Bs:
Braga; Bom Jesus; Beatles; Bailes; Boleias; e Benfica.
Porque o Glorioso SLBenfica está primeiro, sempre esteve.
Já na altura estava, e continua a estar.
Vem do berço.
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sábado, 6 de fevereiro de 2010
Beirões
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Salazar e Sócrates.
O primeiro amordaçava e amordaçou, o segundo amordaça e amordaçar(á)ia.
E ainda foi possível ir mais ao fundo, descer mais,......... com excepção do ridículo, porque este subiu........
Somos uma risota, cá dentro e lá fora. Como ainda nos cargos? Onde pára a vergonha?
Sócrates, e não só, não se demite, nem o demitem. Será "boa moeda"?
Os estragos estão feitos. Quantos anos serão precisos para nos voltarem a levar a sério?
«Se Portugal, nos seus principais agentes políticos e da Justiça, aceita com normalidade, ou traveste de meras conversas privadas, um plano gizado para sufocar a Imprensa incómoda e alterar o equilíbrio de poderes constitucionais, já pouco falta para matarmos a democracia.
Um Estado pode ser pobre, não dar o melhor horizonte aos seus filhos, pode até ser esbanjador na pressão dos interesses corporativos e incapaz de modernizar o ensino e o tecido produtivo. Um Estado pode ser tudo isto mas para mudar e fortalecer-se tem que manter a honra.
À luz da legitimidade das assembeias constituintes. E, em respeito aos que se bateram por um regime de democracia representativa, Portugal não pode aceitar no topo do Executivo quem sobre si tenha sérios indícios de privilegiar interesses próprios e planos privados, em detrimento do interesse público».
CMjornal,06Fev2010.
Que bom seria se nos ríssemos apenas disto.
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Publicada por leunam-atab à(s) sábado, fevereiro 06, 2010
Etiquetas: asfixia da imprensa, vampiros, vergonha
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
pântano, versão dois
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Em 2001 António Guterres disse, depois de perder as eleições autárquicas, que se ia embora para evitar o pântano. E foi. Mas Guterres era, e é, um homem bom. Guterres terá interpretado mal um resultado eleitoral autárquico negativo, que com certeza é diferente de um resultado eleitoral legislativo. Guterres não estava directamente em causa naquelas eleições, mas assumiu a derrota como se tivesse sido ele a ir a votos. A "fuga" sacrificou-o, ou aliviou-o?
Nos seis e pico anos da sua governação, XIII e XIV governos constitucionais, houve efectivamente um " crescimento excessivo" da despesa, não se fez consolidação orçamental e as finanças públicas atingiram "forte" descontrolo.
A governação Guterres teve, todavia, aspectos positivos, já que diminuiu o défice social, investiu na redução da pobreza e da exclusão, reforçou a segurança social e desejou apostar com "paixão" na educação.
Em 2010 José Sócrates está a fazer tudo para "enjeitar" o pântano a que conduziu este pobre povo.
Sócrates espoliou durante quatro anos a classe média em nome de um "pôr as contas em ordem". Quase pôs.
Para fora dos seus bolsos pôs os mais minúsculos e recônditos pedacitos de cotão.
Acometeu furiosamente sobre os funcionários públicos, especialmente sobre os professores e os magistrados. Desvalorizou a conjuntura internacional e geriu despesisticamente a nacional, o que um governante precavido não deve nem pode fazer. Impôs sacrifícios sectariamente. E o suor de muitos portugueses foi debalde. Hoje, de todo o lado nos chegam sinais, e avisos, de que a situação financeira do país está perigosamente descontrolada.
Ferreira Leite diz que Sócrates precisava de "ser completamente irresponsável" para se demitir.
Mas Sócrates é.
Sócrates deseja um pretexto para se demitir, porque sabe que já não tem imaginação para governar. E sem ideias não há governação.
Publicada por leunam-atab à(s) quinta-feira, fevereiro 04, 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
via–sacra
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A "lebre" prontamente começou nova "carreira". Tarefa outras vezes já ocorrida, proveitosamente.
Vítor Constâncio acaba de defender o que muito provavelmente os amigos lhe terão "encomendado". Claro que vão negar. Vão primeiro explorar as reacções dos cidadãos, e também a dos fazedores de opinião. Se as reacções não forem consideradas demasiadamente "perigosas", ou para lá do aceitável, avançarão. Caso contrário, logo virão com os argumentos de que nem lhes passou pela cabeça, de que é tudo mentira, de que são invenções dos maldizentes, dos inimigos. As balelas do costume.
E o triste povo, será cada vez mais um Povo triste.
Triste. Enganado. Humilhado. Chuchado.
Os erros de governação, as prioridades mal definidas, as obras faraónicas, as clientelas acrescidas, os encargos descontrolados, só pod(em)iam acarretar uma Despesa Pública muito para além dos recursos gerados e disponíveis.
Os empréstimos começam a ficar demasiado caros.
Logo cedo nos estrangular(iam)ão.
Resta a subida de impostos.
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Publicada por leunam-atab à(s) terça-feira, fevereiro 02, 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
"Portugal, uma sociedade insalubre".
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Mário Crespo, jornalista sénior da SIC, escrevia semanalmente à segunda feira um artigo de opinião no Jornal de Notícias. Escrevia, até hoje, dia 01 de Fevereiro de 2010, dia em que a sua crónica não aparece no lugar onde habitualmente surgia. Sou leitor habitual das crónicas do Mário Crespo, e quando me preparava para a sua leitura, pesquisando-a, estranhei a sua ausência. O JN publica, posteriormente, uma nota com a sua explicação.
Acontece que, pela Net, o acontecimento já tem foros de notícia. Surpreendente de início, trivial de seguida, e escabrosa em conclusão.
O "zeloso" director, José Leite Pereira, e a nota da direcção do jornal de notícias, não me conseguem convencer, com a sua verdade, da sua bondade. O JN perdeu.............
O texto que o JN desaproveitou pode ser lido em vários sítios.
Por exemplo na revista Sábado, donde o transcrevo, ou abaixo.
O Fim da Linha
Mário Crespo
«Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado.
Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre.
Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.»
Já agora, parece-me apropriada uma amarela gargalhada.
Porque o riso não só cura a ansiedade, como combate a idiotice.
Publicada por leunam-atab à(s) segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Etiquetas: asfixia democrática, liberdade de imprensa, o fim da linha, palhaçadas., sociedade civil