sábado, 13 de novembro de 2010

responsabilidades

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Sempre acatei, defendi e proclamei as igualdades, de tratamento, de oportunidade e quejandas, de todos, mas mesmo todos, os cidadãos. Quer nos direitos, quer nos deveres, quer nos actos. Amargura-me que gente, aparentemente de bem, com inscrição e pavoneio em partidos políticos que se dizem democráticos, descarte de forma tão "simplória" aqueles valores.
A responsabilidade civil e criminal, por acções e omissões decorrentes do exercício de uma qualquer normal actividade, é hoje um princípio absolutamente inatacável, consolidado e irremovível. Por que carga de água, ou milagre, haver(íamos)emos de isentar dessas responsabilidades, aqueles a quem foi dado o supino privilégio da gestão do nosso destino, do nosso dinheiro, da nossa saúde, da nossa educação, da nossa justiça, da nossa segurança, e que a si mesmos se apodam de fazedoras n(uma)a nobre profissão política?
Profissão que foi abraçada voluntária e deliberadamente quando nos partidos políticos se inscreveram, ou a eles se associaram, que como sabemos, são organizações vocacionadas para a conquista e exercício do poder. E porque o têm, não raro com prontidão e ventura, a si próprios se atribuem remunerações, subsídios, probendas, mordomias e outros proventos e regalias que nunca estarão ao alcance dos demais seus parceiros sociais.
A uma tal panóplia de benesses é legitimo que se faça corresponder o exercício das respectivas funções com zelo, seriedade, prontidão, assiduidade e entrega. Quando, e se o Povo prejudicam, por inaptidão, por desmazelo ou relaxamento, é da mais elementar justiça que àquele assista o direito não só de substituí-los, como também de poder exigir-lhes uma compensação civil e uma responsabilização social, pelos prejuízos e danos causados. Com que tantas vezes até se locupletaram!
As sociedades são dinâmicas, reformam-se nos tempos e nos modos inovando os valores e as normas, numa adaptação conforme aos novos tempos procriados nos tempos novos. São chegados os tempos, assim novos de regras, normas e valores, que nos impedem de continuar a admitir que nos desvalorizem, diminuam e desprestigiem, até ao ponto em que não só valemos menos como temos tratamento inferior ao dado a um mero contrato de compra e venda, de um vulgar pacote de margarina, numa qualquer superfície comercial.
Porque se nos incutem e impõem o dever de pagar, e como pagamos, impostos, coimas, multas, derramas, taxas, taxa municipal de ocupação do subsolo, taxa municipal de direitos de passagem, taxa de audiovisual, taxa de resíduos sólidos, taxa de recursos hídricos, taxa ...., assiste-nos a mais criteriosa legitimidade de que nos reconheçam o direito de saber como foi o fruto do nosso suor utilizado, se bem ou mal, bem como de pedir contas, para além das políticas, de efectivas incompetências e/ou desmazelos.
Basta lembrar que nunca, como neste período, Portugal teve desigualdades sociais tão gritantes, tais níveis de peculato e desemprego, a par da mais grave crise financeira do pós 25 de Abril.
A ideia ainda será peregrina. Mas as caminhadas longas e as causas justas começam sempre com pequenos passos e reduzido número de conspiradores.
Já vamos sendo alguns, como aqui se comprova.